ESG: Por que implementar e por onde começar?

Por Beatriz Zancaner e Rachel Rennó

Os conceitos de ESG estão amplamente divulgados e já fazem parte da agenda do empresário, mas ainda há muita dúvida sobre a prática e a efetividade dessa iniciativa. As questões mais trazidas são: Por que começar um projeto ambiental, social, ou de governança? Por que inserir este novo conceito dentro de uma empresa? É possível encontrar o tão sonhado balanço entre “fazer o bem e faturar bem”?

Grandes corporações em todo o mundo estão comprometidas com a solução de problemas ambientais complexos, projetando um futuro melhor para as próximas gerações, reavaliando formatos antiquados de produção e exploração de insumos. Como resultado dessas iniciativas, nota-se não só um menor impacto no meio ambiente, mas também a construção de uma boa reputação perante clientes, que passam a adquirir mais produtos daquela determinada empresa. Neste sentido, pesquisas mostram que em vários segmentos, clientes estão dispostos a pagar mais caro por bens cuja produção seja de origem sustentável, e baseada em princípios com os quais eles se identifiquem.

No âmbito social, os empresários têm cada vez mais reconhecido a importância de um ambiente que proporcione aos colaboradores mais oportunidades, sentimento de pertencimento e motivação. Os efeitos observados são a diminuição da rotatividade, aumento da produtividade, e como consequência, diminuição de custos. Além dos colaboradores, as empresas têm cada vez mais interagido de forma positiva com todos os stakeholders, incluindo a comunidade em que atuam.  

O “S” do ESG não deve se limitar ao cuidado com os colaboradores, mas deve incluir ações da empresa em prol de uma (ou mais de uma) causa, seja ela relacionada a alimentação saudável, saúde em geral, educação, esporte ou outra. Para implementar ações dessa natureza é indicado que a empresa realize parcerias com instituições com know-how e programas direcionados à causa escolhida.

A Governança deve caminhar junto com as inciativas sociais e ambientais. Primeiro porque somente uma cultura enraizada no âmbito de sócios e diretores é bem disseminada nas demais áreas de uma organização, e segundo porque deve-se assegurar que investidores, membros do conselho e sócios estejam dispostos a enfrentar, se necessário, perdas a curto prazo e a aposta de grandes ganhos futuros.

É possível afirmar que as métricas atuais de ESG trazem uma visão mais holística dos investimentos em sustentabilidade, e, em contrapartida, dos impactos negativos causados pelas organizações. Essas métricas ajudam a valorizar o investimento nessas áreas e justificar fato de que o retorno nem sempre é rápido. Há também evidências crescentes no sentido de que as empresas que performam com métricas ESG possuem maior retorno financeiro.

Vale lembrar que os investidores já sofrem uma pressão para que seus esforços sejam direcionados a empresas que se preocupam com inciativas sociais e ambientais. Em 2022, a emissão dos chamados “green bonds” (títulos cujos recursos devem ser destinados a ações sustentáveis) promete ganhar tração e atingir marcas históricas.

A boa notícia, é que ninguém está sozinho nessa jornada. Existe o perfil de empresário que deseja ser pioneiro em um projeto sustentável bem estruturado, mas também tem sido comum que empresários atuem em conjunto com outros “players” de seu segmento, inclusive concorrentes, unindo forças em busca de um melhor ambiente regulatório que possibilite suas inovações e lhes tragam alguma contrapartida. Este será também um grande passo para que empresas de todos os tamanhos e segmentos iniciem sua própria estratégia ESG.

Por estes e tantos outros motivos, o mercado já entendeu a relevância (e urgência) do tema. Mas, por onde começar? A resposta é que, diferentemente de um plano de negócios comum, com passos claros e pré-determinados, iniciativas de ESG normalmente se baseiam em um propósito, e cada organização encontrará sua própria forma de atingi-lo, seja se aliando a outros ou sendo pioneiro e inovador.

O ideal é olhar para dentro e entender o que sua empresa possui hoje, onde ela está com relação a governança, ao social e ao meio ambiente. E, então, desenhar onde a empresa pretende chegar, quais objetivos ela pretende alcançar. Somente após isso, é possível desenhar as iniciativas de ESG que sua empresa efetivamente iniciará.

Pessoas (e, portanto, empresas) movidas por valores e propósitos iniciam a jornada ESG em grande vantagem. Isso porque qualquer mudança de paradigma requer convicção, coragem, determinação, e a vontade de investir em benefício da perenidade de uma organização, ainda que o retorno não seja de curto prazo. Vamos começar?  

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Roberto Cunha